Em tese de doutorado, Gleise Sales Arias analisou crianças estrangeiras entre 7 e 12 anos e residentes no Brasil há um ano. 'Crianças são protagonistas na adaptação de famílias a um novo país', afirma psicóloga da USP
Imagine se um dia você tivesse que sair do país onde nasceu e procurar um novo local para morar. Os motivos podem ser variados e, por vezes dramáticos - desde questões políticas, à fuga de uma guerra, até dificuldades financeiras ou uma situação de vulnerabilidade social.
Mesmo para quem não tem outra alternativa a não ser a mudança, a situação não é simples e pode causar impactos na saúde mental de famílias inteiras. Além de arrumar moradia e emprego, os migrantes e refugiados precisam se adaptar a novos idiomas, culturas, costumes e pessoas.
De olho nisso, um estudo de doutorado realizado pela psicóloga Gleise Sales Arias, no Instituto de Psicologia (IP) da USP, mostra que as crianças migrantes na cidade de São Paulo são importantes para a segurança afetiva de seus pais. A tese intitulada "A Experiência Emocional de Crianças Migrantes e Refugiadas Acolhidas em São Paulo" analisou crianças estrangeiras entre 7 e 12 anos e residentes no Brasil há um ano.
Durante encontros terapêuticos e atividades com desenhos, as crianças conversavam sobre as preocupações com a família e se sentiam responsáveis no apoio afetivo dos parentes adultos, que, em muitos casos, estão vivendo uma situação de crise que pode ser comparada ao luto.
A influência dos pequenos na adaptação das famílias acontece porque eles estão na fase da vida responsável pelo processo de desenvolvimento cognitivo nas escolas.
Os resultados do trabalho mostram que o apoio psicológico no acolhimento dos migrantes é uma maneira preventiva e eficiente de facilitar o processo de adaptação e inclusão dessas pessoas, e que as crianças são protagonistas nessa tarefa. Veja entrevista acima.
Publicada por: RBSYS