Vitor dos Santos, aluno do cursinho Mariele Franco, em Campinas, passou na USP, Unicamp e Unesp. Projeto auxilia no apoio às instituições que promovem o ensino para alunos de baixa renda. Cursinhos populares ajudam estudantes de baixa renda a entrar na faculdade; veja histórias
A educação é um direito garantido pela Constituiçã Federal o e a gratuidade das universidades públicas contribui para que isso ocorra, mas o acesso muitas vezes não chega para a população mais pobre. Na contramão do abismo provocado pela diferença de classes, os cursinhos populares auxiliam estudantes de baixa renda a conseguir aprovação nos vestibulares mais concorridos.
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Em Campinas (SP), dos 600 alunos matriculados em cursinhos populares no ano passado, 66 conseguiram aprovação em pelo menos uma das universidades públicas do estado na primeira chamada.
No caso de Vitor dos Santos, aluno do cursinho Mariele Franco por um ano, foi bem mais que isso. Ele passou nas três faculdades públicas de São Paulo: USP, Unicamp e Unesp. O aluno iniciou, no começo do ano, o curso de Letras na instituição de Campinas e inaugurou uma nova modalidade na família: ser o primeiro a ingressar no ensino superior.
Vitor dos Santos
Reprodução/EPTV
“O grande medo que eu tinha entre 17 e 18 anos era não ser alguém na vida. De não ter emprego, principalmente de não entrar em uma faculdade. Mas quando a gente vem para cá [no cursinho] a gente entendia que era possível entrar em uma boa faculdade”, comenta.
Segundo o IBGE, no Brasil, dos jovens entre dezoito e vinte quatro anos, 75% estão fora do ensino superior. Entre famílias de baixa renda, apenas 8,4% conseguem o acesso, enquanto que entre os jovens de renda mais alta, o número sobe para 58,3%.
“Se a gente sabe que esse jovem consegue entrar na universidade, a possibilidade dele também alcançar uma melhor qualificação profissional vai ser muito maior do que se ele não tivesse tido esse passo anterior”, disse Rodrigo Correia, coordenador da fundação Feac, que apoia parte dos cursinhos populares em Campinas.
Cursinhos populares de Campinas ajudam estudantes de baixa renda a conquistar vagas em universidades públicas
Reprodução EPTV
Dificuldades
Já Mariana Barbosa precisou enfrentar vários desafios, do transporte custeado pela tia até a alimentação que, quando não era dividindo a marmita, acontecia juntando os colegas e comprando alimento no mercado para fazer no cursinho mesmo, onde passaria o dia estudando.
Cursinhos populares de Campinas ajudam estudantes de baixa renda a conquistar vagas em universidades públicas
Reprodução EPTV
Neste ano, ela conseguiu passar em História na Unicamp, e já sente a responsabilidade por também ser a primeira da família a passar em uma universidade pública. Tal acontecimento ela diz saber que impactou toda a família e vai inspirar os primos que estão na escola.
“É realmente espalhar esperança, que o futuro realmente existe e as coisas podem sim melhorar”, fala a recém-universitária Marina Barbosa Lima.
A professora Tatiana Fadel ressalta o processo angustiante desta fase da vida que atinge a todos, mas o esforço dobra de tamanho para os alunos dos cursinhos populares que se deparam com dificuldades como transporte, estudar depois de um dia inteiro de trabalho.
Ela reforça que são processos que derivam de anos e anos de educação muitas vezes deficitária da escola pública e que ainda enfrentaram os percalços do ensino durante a pandemia.
“A universidade é para todo mundo, a universidade não pode ser para um pequeno grupo privilegiado. Eu acho que é o sonho da gente que todo mundo que queira estar na universidade, possa estar na universidade” afirma a professora Tatiana Fadel.
Cursinhos populares de Campinas ajudam estudantes de baixa renda a conquistar vagas em universidades públicas
Reprodução EPTV
A Fundação
A fundação FEAC é uma organização que atua em Campinas e apoia os estudantes com transporte e alimentação e na manutenção dos espaços onde as aulas acontecem. Segundo o coordenador Rodrigo Correia, o grupo opera na perspectiva de garantir o direto a educação de jovens em situação de vulnerabilidade e de periferia.
“A gente começa a perceber que uma das grandes dificuldades era chegar até os cursinhos”, comenta Rodrigo Correia
O investimento nos cinco cursinhos ajudados é de R$ 387 mil até o fim de 2024. A Unicamp destina R$ 853 mil anuais a outros cursinhos com perfil semelhante.
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Publicada por: RBSYS