Eduardo Requião foi responsável pela administração do terminal entre 2003 e 2008. Defesa do suspeito não quis se manifestar. PF investiga propina em contrato do Porto de Paranaguá
Investigações da Polícia Federal (PF) apontam que o ex-superintendente do Porto de Paranaguá, Eduardo Requião, recebeu R$ 3 milhões em propina após uma companhia holandesa celebrar um contrato de R$ 30 milhões com o porto, em 2009.
A informação foi relevada em uma operação da PF realizada na quinta-feira (9), contra crimes envolvendo contratos públicos no porto. Os agentes cumpriram mandados em Curitiba e Rio de Janeiro.
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Segundo a PF, o pagamento de três milhões foi feito pela companhia em três depósitos em uma conta suspeita. Segundo os investigadores, o valor era propina direcionada para Eduardo.
Além deste pagamento de 2009, a PF identificou que a conta suspeita de ser usada para pagar propina a Eduardo chegou a receber R$ 5 milhões até 2017.
Na operação de quinta-feira, os agentes cumpriram 10 mandados de busca e apreensão e outros 12 mandados de sequestro de bens. Na casa de Eduardo Requião, os agentes encontraram 50 mil dólares e 30 mil reais em dinheiro vivo.
Para a mesma operação, a Justiça também autorizou o bloqueio de as contas bancárias e aplicações financeiras dos investigados.
A defesa de Eduardo Requião não quis se manifestar. Leia mais abaixo.
Eduardo Requião
Reprodução/RPC
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Suposta propina foi parar em negócios de criptomoedas
A operação que investiga os contratos públicos da antiga gestão do Porto de Paranaguá foi deflagrada a partir de uma investigação mais antiga, de 2021.
Em depoimento à PF, à época, o empresário Valmor Felipetto, que tinha negócios no porto, disse que recebeu dois depósitos de pelo menos duas empresas e afirmou que aceitou que o dinheiro entrasse na conta para atender a um pedido de Eduardo Requião, responsável pelo terminal entre 2003 e 2008.
O depoimento foi dado em um inquéritoque apurava um esquema de pirâmide financeira e criptomoedas.
"Eu recebi numa conta no exterior [na Áustria] e essa conta foi encerrada. Quem mandou creditar foi o doutor Eduardo (Requião), eu não...uma empresa eu me lembro o nome, mas outras empresas eu não me lembro. Foram duas empresas que depositaram", afirmou Felipetto à PF.
Ainda em depoimento, Felipetto afirmou que usou parte do dinheiro da suposta propina para entrar no negócio das criptomoedas, liderado por Cláudio José de Oliveira, conhecido como "Rei do Bitcoin".
Empresário Valmor Felipetto
Reprodução/RPC
Cobranças
De acordo com a investigação, Felipetto disse ter sido cobrado por Eduardo, que queria o dinheiro que entrou na conta do empresário e abasteceu o esquema de criptomoedas.
Para conseguir devolver o valor, Felipetto disse ter realizado diversas operações de lavagem de dinheiro, com a participação de Eduardo Requião, da esposa dele e dos filhos, que também são investigados, conforme a polícia.
Nas operações investigadas foram identificadas movimentações ilegais de câmbio e de valores em espécie, além de depósitos e transferências bancárias feitas com justificativas falsas às autoridades monetárias.
De acordo com a Polícia Federal, diretores das empresas que pagaram a propina, doleiros e intermediários também estão entre os investigados.
Em todo o esquema, a polícia apura os crimes de corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro, evasão de divisas e associação criminosa.
O que dizem os investigados
O advogado de Eduardo Requião disse que não vai se manifestar porque "está lendo o processo".
A Portos de Paraná disse, em nota, que desde 2019, quando a atual gestão assumiu a direção da empresa, a transparência dos contratos, contas e atos administrativos são constantes e permanentes.
O g1 e a RPC não conseguiram contato com as defesas de Valmor Felipetto e Claudio José de Oliveira.
PF deflagra operação contra crimes em contratos públicos nos Portos do Paraná
PF
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Publicada por: RBSYS