Investigação apontou que um grupo ligado ao ex-presidente inseriu, e depois retirou informações falsas de vacinação contra Covid no sistema do Ministério da Saúde para obter vantagens ilícitas. Bolsonaro (ao centro) recebe do ministro da Saúde, Eduardo Pazuello (à esquerda), e do personagem Zé Gotinha (à direita) o Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra a covid-19 em evento no dia 16 de dezembro de 2020
Isac Nóbrega/PR
A Polícia Federal indiciou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outras 16 pessoas nesta segunda-feira (18) na investigação que apura um suposto esquema de falsificação de vacinas. Agora, o processo segue para as mãos da Procuradoria-Geral da República, que decide se apresenta denúncia à Justiça ou arquiva a apuração (veja detalhes abaixo).
Bolsonaro indiciado: os próximos passos no inquérito que investiga fraude em cartões de vacina
O indiciamento foi revelado pelo blog da Daniela Lima. O g1 e a TV Globo tentam contato com as defesas dos indiciados. As defesas de alguns dos citados se manifestaram. Veja o que eles disseram:
Jair Messias Bolsonaro (PL), ex-presidente da República
Foto de arquivo de 23/02/2021 do então presidente da República, Jair Bolsonaro, durante a solenidade Agenda do Prefeito +Brasil, no Palácio do Planalto, em Brasília
DIDA SAMPAIO/ESTADÃO CONTEÚDO
O advogado de Bolsonaro Fabio Wajngarten disse considerar "lamentável" a divulgação da informação. Em outra publicação no "X", antigo Twitter, Wajngarten classificou o indiciamento como absurdo e disse que não teve acesso ao material. Veja a íntegra:
"Na minha humilde opinião o indiciamento de hoje, que até o presente momento a defesa técnica sequer teve acesso, é tão absurdo quanto o caso da baleia. O mundo inteiro conhece a opinião pessoal do Presidente Jair Bolsonaro quanto ao tema da vacinação, muito embora ele tenha adquirido mais de 600 milhões de doses. Ademais, enquanto exercia o cargo de Presidente, ele estava completamente dispensado de apresentar qualquer tipo de certificado nas suas viagens. Trata-se de perseguição política e tentativa de esvaziar o enorme capital político que só vem crescendo
Por falar em capital político, vamos ver com lupa quais candidatos querem surfar a onda desse enorme capital político, mantendo-se indiferente à essa perseguição. Ao final, recomendarei ao grupo político do Presidente que jamais permita que essa relação unilateral e desequilibrada seja ativo eleitoral de quem quer que seja. Aos oportunistas de ocasião, tenham a certeza, que mais ainda agora, gafanhotos terão vida curta. Política é grupo, coesão e solidariedade", falou Fabio Wajngarten.
Gutemberg Reis de Oliveira, deputado federal (MDB-RJ)
Gutemberg Reis
Reprodução/Facebook
O deputado federal Gutemberg Reis disse que não irá se manifestar até que sua defesa tenha acesso integral ao processo.
Marcelo Costa Câmara, assessor especial de Bolsonaro
Sérgio Rocha Cordeiro, assessor e segurança de Bolsonaro
Coronel Marcelo Câmara foi assessor especial de Jair Bolsonaro
Reprodução
O advogado Eduardo Kuntz, que defende Marcelo Câmara e Sérgio Rocha Cordeiro, afirmou que "espera ter acesso aos autos" e "ao conteúdo da delação do tenente-coronel Mauro Cid".
João Carlos de Sousa Brecha, então secretário de Governo de Duque de Caxias
Secretário municipal de Governo de Duque de Caxias (RJ), João Carlos de Sousa Brecha
Reprodução
O advogado Marcos Crissiuma, que defende João Carlos Brecha, à época secretário de Duque de Caxias, disse que não vai se manifestar porque não teve acesso ao relatório da PF. Informou também que vai pedir acesso integral aos autos e à delação de Mauro Cid
Camila Paulino Alves Soares, enfermeira da prefeitura de Duque de Caxias
O advogado Jairo Magalhães, advogado da Camila Paulino Alves Soares, afirmou que a sua cliente esteve presente na investigação, e que aguardava uma possível nova declaração, ainda em fase de inquérito, para comprovar sua inocência. Magalhães ressalta que confia na inocência da cliente e afirma que não foi ela que inseriu dados no sistema.
O advogado ainda destacou que, caso ela seja denunciada no Processo Penal, demonstrará sua inocência com provas documentais e testemunhais. "Camila é enfermeira e técnica de enfermagem , profissional competente há mais de 15 anos".
As defesas dos demais indiciados não se manifestaram até a última publicação desta reportagem:
Mauro Barbosa Cid, coronel do Exército e ex-ajudante de ordens da Presidência da República;
Gabriela Santiago Cid, esposa da Mauro Cid;
Luis Marcos dos Reis, sargento do Exército que integrava a equipe de Mauro Cid;
Farley Vinicius Alcântara, médico que teria emitido cartão falso de vacina para a família de Cid;
Eduardo Crespo Alves, militar;
Paulo Sérgio da Costa Ferreira
Ailton Gonçalves Barros, ex-major do Exército;
Marcelo Fernandes Holanda;
Max Guilherme Machado de Moura, assessor e segurança de Bolsonaro;
Cláudia Helena Acosta Rodrigues da Silva, servidora de Duque de Caxias;
Célia Serrano da Silva.
Indiciamento
O indiciamento significa, na prática, que a PF entendeu que há elementos suficientes de que um investigado é o responsável por um crime.
Com esses indícios concretos, a Polícia Federal envia o caso ao Ministério Público. Como o inquérito tramita no Supremo, o indiciamento vai às mãos da Procuradoria-Geral da República.
Cabe aos procuradores do MP avaliar o material colhido pela polícia e decidir se há indícios suficientes, ali, para levar o caso à Justiça. Se sim, o Ministério Público apresenta a denúncia.
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Publicada por: RBSYS