Anderson Melo gravou depoimento para o programa Encontro e explicou que demorou a perceber que estava sendo vítima de um crime. Vídeos mostram xingamentos e ameaças. Jogador de vôlei de praia denuncia ataques homofóbicos durante partida no Recife
O jogador de vôlei de praia Anderson Melo, de 32 anos, que foi agredido com xingamentos homofóbicos durante partida do Circuito Brasileiro de Vôlei de Praia, no Recife, na quinta-feira (14), disse que durante as agressões só pensava na mãe dele e no medo que ela externava de que o filho sofresse uma violência relacionada à sua orientação sexual.
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"Os gritos atingiam o meu jeito de ser. Eram gritos que estavam vindo da arquibancada por alguns torcedores. Só que a cada ofensa, eu só pensava na minha mãe, de como ela tinha medo de como o mundo reagiria à minha sexualidade. Só conseguia imaginar como ela estaria vendo aquela situação", disse o atleta, durante o programa Encontro, da TV Globo, desta segunda-feira (18).
Anderson Melo explicou que demorou a perceber que estava sofrendo uma violência. "Demorei a entender que estava sofrendo homofobia, mas teve um momento que um atleta, um amigo meu, entrou na quadra e disse que eu deveria parar, pois aquilo já tinha passado dos limites. Foi quando eu entendi o crime que estava sendo cometido contra mim", continuou Anderson Melo.
Jogador de vôlei de praia Anderson Melo falou sobre os ataques homofóbicos durante partida no Recife ao programa Encontro, da TV Globo
Reprodução/TV Globo
O jogador de vôlei de praia prestou queixa e publicou vários vídeos nas redes sociais denunciando o caso. Ele afirmou que espera que as autoridades identifiquem os autores dos ataques e que essas pessoas sejam punidas de acordo com a legislação.
"(...) Que eles paguem perante a lei e que nenhum outro atleta e nenhuma outra pessoa, um outro Anderson, pessoas que também são homossexuais passem pelo que eu passei. Pois o sentimento é triste, é lamentável, é como se você estivesse esmagando o seu coração, você se sentisse sozinho e eu acho que nenhum ser humano precisa passar por isso", finalizou Anderson Melo, no programa da TV Globo, apresentado por Patrícia Poeta.
Entenda o caso
O jogador carioca de vôlei de praia Anderson Melo denunciou ter sido denunciou ter sido alvo de xingamentos homofóbicos e ameaça de estupro durante a etapa de Recife do Circuito Brasileiro de Vôlei de Praia, na quinta-feira (14).
O atleta publicou vídeos no Instagram em que é possível ouvir ofensas. Ele registrou um boletim de ocorrência sobre o caso.
No domingo (17), Anderson contou ao g1 que, durante o jogo, ouviu inúmeros insultos homofóbicos e que se surpreendeu ao ver os vídeos, pois percebeu que as ofensas aconteceram durante todo o primeiro set da partida e, também, em partes do segundo set.
Algumas das falas ditas foram "bicha", "usa calcinha ou não usa?", "pode jogar o cabelo, juiz?", "saca na bicha" e "na cara da bicha". O atleta explicou que nunca passou por situação parecida em mais de 20 anos de profissão.
Após chamar as autoridades, ainda durante o jogo, e ouvir que os responsáveis pelas agressões seriam identificados, Anderson Melo disse que a resposta foi a de que não foi possível saber de onde vinham os xingamentos.
"Me falaram que não conseguiram identificar, mas a gente vê no vídeo que não era baixinho, não eram dois ou três [homens gritando]. Eram umas dez pessoas. Também me chamaram de sereia, bailarina, pintosa, mancha, menina e mulher. Um homem que disse que, se eu errasse um passe, ele iria me estuprar a noite toda", disse.
O jogador recebeu apoio nas redes sociais de figuras como a cantora Anitta; a ministra da Igualdade Racial do Brasil, Anielle Franco; a jogadora de vôlei Jaqueline Carvalho; a ex-jogadora de vôlei e comentarista esportiva Fabiana Alvim; o senador Fabiano Contarato (PT-ES); e o produtor Mauro Sousa.
Na sexta-feira (15), Anderson Melo voltou para o Rio de Janeiro, onde prestou queixa na 16ª Delegacia da cidade.
Questionada pelo g1, a Polícia Civil de Pernambuco afirmou, em nota, que, como a ocorrência foi registrada no Rio de Janeiro, é necessário o encaminhamento do procedimento para que a investigação seja iniciada.
A Confederação Brasileira de Voleibol (CBV), responsável pela partida, disse que pretende encaminhar o caso ao Ministério Público, e afirmou que lamenta e repudia veementemente os ataques homofóbicos.
Ofensas feitas ao jogador de vôlei de praia Anderson Melo em partida do nacional no Recife
Reprodução/Instagram
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Publicada por: RBSYS