Dados de 2023 mostram que 82,7% das vítimas de policiais são pretos ou pardos. O perfil das vítimas é majoritariamente masculino e jovem. Giroflex, Polícia Militar RN
Raiane Miranda
As pessoas negras do Brasil estão 3,8 vezes mais propensas a morrer em uma intervenção policial do que pessoas brancas, revela o Anuário Brasileiro de Segurança Pública divulgado nesta quinta-feira (18).
De acordo com o documento, foram 6.393 mortes por intervenções policiais em 2023, uma taxa de 3,1 por 100 mil habitantes. Uma queda em relação a 2022, quando foram registradas 3,2 mortes por 100 mil habitantes.
???? O número representa uma queda de 0,9% em relação a 2022. No entanto, quando comparado com 2013, há um crescimento de 188,9%.
Assim como em anos anteriores, ficou demonstrado que as vítimas dessas intervenções foram predominantemente os negros, grupo que soma pretos e pardos. Essa parcela da população compõe 82,7% desse conjunto de vitimados. Em 2022, eram 83,1%.
A taxa de mortalidade dos negros, quando comparada à dos brancos, é substancialmente maior: 3,5 de pessoas negras contra 0,9 de pessoas brancas.
Mortes violentas pela polícia em 2023
Arte/g1
Cidades com mais mortes pela polícia
Entre as cinco cidades onde a polícia mais mata, duas delas ficam na Bahia. Veja a lista:
Cidades com maior letalidade policial
A partir da análise de boletins de ocorrência, o Fórum Brasileiro de Segurança Pública calculou a proporção da letalidade policial no total da taxa de mortes desses municípios, e produziu dados inéditos que calculam o quanto das mortes violentas ocorrem pelas mãos da polícia. Nesse recorte, a liderança fica com Angra dos Reis, no Rio de Janeiro.
Letalidade policial no total de mortes violentas no município:
Letalidade policial por cidade
Os policiais negros são também os que mais morrem, segundo o levantamento. Veja o perfil:
Policiais mortos em 2023
Samira Bueno, diretora-executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, afirma que estados como Bahia e Amapá lideram as taxas de mortes violentas e também de letalidade policial. Segundo ela, isso mostra que há uma correlação entre altos índices de criminalidade e violência por parte da polícia.
"É muito evidente que a própria polícia está produzindo um nível de violência que é uma opção, que eles entendem aparentemente como legítima para controlar o crime. Se metade das mortes foi a própria polícia que produziu, tem alguma coisa errada num país em que não tem pena de morte",
Homicídios caem, violência contra mulher sobe
O Anuário indica que o Brasil registrou queda de 3,4% em mortes violentas intencionais em 2023, mas segue em patamar quase quatro vezes maior em comparação com a taxa mundial de homicídios.
As mortes violentas intencionais levam em conta os crimes de homicídio doloso, latrocínio, lesão corporal seguida de morte e feminicídio. Entram ainda nas estatísticas os dados envolvendo a atuação policial, tanto a letalidade (quando as polícias matam), quanto a mortalidade (quando agentes de segurança pública são mortos).
O estudo também mostra que cresceram todos os tipos de violência contra as mulheres.
Veja os principais destaques do Anuário da Violência:
Brasil registra queda de 3,4% em mortes violentas intencionais em 2023;
Com 22,8 casos a cada 100 mil habitantes, taxa de mortes violentas coloca Brasil quase 4 vezes acima do patamar mundial;
Meninas negras de até 13 anos são maiores vítimas de estupro no Brasil; crime cresceu 91,5% em 13 anos;
Todos os tipos de violência contra mulheres cresceram de 2023 para 2024;
Registros de racismo crescem 127%, com 11.610 casos;
Negros têm quase 4 vezes mais chances de serem mortos pela polícia do que brancos;
Mortes de LGBT+ crescem 41%, com 214 vítimas;
Suicídios matam mais policiais do que confrontos ou mortes durante a folga;
Gasto dos municípios com segurança cresce 32% em 5 anos;
Bahia tem 6 das 10 cidades mais violentas do país; veja lista;
Santana, cidade no Amapá, é a mais violenta do país; entenda;
Roubos de celulares caem 10% no Brasil.
Estupros crescem e batem recorde no Brasil
Publicada por: RBSYS