Inseto leva nome em homenagem ao professor Francisco Dias da Rocha, naturalista cuja coleção deu pontapé inicial à criação do Museu de História Natural do Ceará. A catalogação e a descrição de novas espécies contribuem como ferramenta para proteção de áreas ambientais
Marianna Simoes
Uma nova espécie de besouro-tartaruga foi descrita para Serra da Baturité, localizada no centro-norte do Ceará. Chamada de Charidotis rochai, o nome do inseto é uma homenagem ao professor Francisco Dias da Rocha, naturalista cearense.
A descoberta do besouro ocorreu em 2021, durante trabalho de campo realizado pelo Museu de História Natural do Ceará Professor Dias da Rocha (MHNCE) e pelo Museu Nacional (MNRJ). No entanto, a publicação do artigo foi feita somente em julho de 2024.o
O naturalista ganhou reconhecimento por suas contribuições inestimáveis na preservação da memória cultural e natural do estado, tendo organizado o “Museu Rocha” no quintal de sua casa, em 1898, com um acervo de 14 mil itens. A coleção foi o pontapé inicial para a criação do MHNCE.
"Foram realizadas duas expedições, a primeira entre os dias 14 e 19 de março de 2020, e a segunda entre 30 de novembro e 8 de dezembro de 2021”, explica Adriana Andrade Mota, mestre em Entomologia e uma das autoras do artigo.
“O trabalho foi realizado em áreas da Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Sítio Lagoa, um fragmento de Mata Atlântica”, completa ela.
Os besouros do grupo Charidotis são caracterizados pela placa frontoclipeal não encurtada, lisa e amarela
Marianna Simoes
A identificação foi realizada com base na comparação com descrições e redescrições originais, e confirmada por comparação com material depositado no Instituto Alemão de Entomologia Senckenberg, na Alemanha, e em uma coleção na República Tcheca.
Segundo Adriana, já existem estudos realizados com o objetivo de catalogar a flora e a fauna da Serra do Baturité, com o foco aprofundado em vertebrados, principalmente répteis e anfíbios. Porém se tratando de insetos, esse numero ainda é defasado.
O maciço de Baturité, no Ceará, desponta como uma das maiores montanhas úmidas da região semiárida brasileira, abrigando uma complexa cobertura vegetal que é indispensável para o abastecimento de água de diferentes bacias hidrográficas da região.
A região do Baturité tem sido considerada uma área prioritária para a conservação e preservação da biodiversidade brasileira e ecossistemas regionais
Marianna Simoes
“O maciço também abriga várias espécies de plantas e vertebrados florestais associados às florestas Atlântica e Amazônica, além de abrigar fauna e flora diversa por essa composição única que representa refúgios naturais da biota. A região tem sido considerada uma área prioritária para a conservação e preservação da biodiversidade brasileira e ecossistemas regionais”, explica Adriana.
*Texto sob supervisão de Giovanna Adelle
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Publicada por: RBSYS