Na última noite da Convenção Republicana, a ideia é apresentar um Trump mais humano e que vai defender união, dizem aliados do ex-presidente. Candidato a vice de Trump faz 1º discurso na convenção republicana
Esta quinta-feira (18) é o último dia da convenção do Partido Republicano nos Estados Unidos - e também o mais esperado. A expectativa é enorme porque o candidato a presidente Donald Trump vai fazer o primeiro discurso dele depois do atentado.
Donald Trump esteve na convenção todos as noites, mas nunca falou. Nesta quinta, ele fará seu discurso para aceitar a nomeação como candidato oficial do Partido Republicano. O primeiro discurso dele após o atentado de sábado (13).
A diretora do Serviço Secrete esteve em Milwaukee; chegou a ser confrontada por congressistas americanos nos corredores da convenção. E, segundo a imprensa americana, ela foi ter uma reunião com Donald Trump na terça-feira sobre o atentado.
A campanha de Donald Trump informou que já havia um texto sendo preparado para esse discurso, mas, depois do atentado, Donald Trump jogou fora e começou a escrever um novo texto, de próprio punho, em um tom mais pessoal, focando mais no tema de união nacional. A ideia da campanha é que Donald Trump faça um discurso de forma mais presidenciável, para tentar mudar a ideia dos americanos que têm uma imagem negativa do ex-presidente. E tentar, assim, conquistar o voto dos conservadores moderados e, também, das mulheres.
Duas ausências importantes na convenção: a mulher de Donald Trump, Melania, e também a filha de Donald Trump, Ivanka - que chegou a trabalhar com ele na Casa Branca -, ainda não apareceram. Segundo a campanha, pelo menos Melania Trump deve ir à convenção assistir ao discurso do marido e deve subir ao palco.
Donald Trump na convenção do Partido Republicano
Jornal Nacional/ Reprodução
Já o candidato a vice-presidente assistirá ao discurso de Trump depois de ter se apresentado aos americanos na noite de quarta-feira (17).
Donald Trump chegou cedo para assistir ao primeiro discurso de seu vice, J.D. Vance, na terceira noite da Convenção Republicana. O tema do dia era política externa, e as guerras dominaram o palco. Parentes de quatro soldados americanos mortos em um atentado no Afeganistão, durante a retirada das tropas do país, fizeram uma homenagem; emocionaram o público e criticaram duramente o presidente Joe Biden. Discurso engrossado pelos pais de um americano sequestrado pelo grupo terrorista Hamas nos ataques de 7 de outubro, em Israel.
O filho mais velho do candidato republicano, Donald Trump Jr., falou sobre o atentado contra o pai:
“Chegamos muito perto de um dos momentos mais sombrios na história do país”, afirmou.
A filha dele e neta mais velha de Trump, Kai, de 17 anos, também discursou. Disse que Trump, para ela, é apenas um avô:
"Ele me liga no meio da escola para perguntar como foi meu jogo de golfe e me conta tudo sobre o dele”.
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O discurso mais aguardado da noite foi o do candidato a vice-presidente, J.D. Vance, apresentado pela esposa, Usha Vance. Ele abriu o discurso lembrando o ataque contra Donald Trump no sábado (13) e a reação do ex-presidente.
“O que ele fez foi pedir que nosso país lutasse. Até no momento mais perigoso, ele pensou na gente,” disse Vance.
Na sequência, como de praxe, Vance aceitou oficialmente a candidatura. Poucos dias atrás, a maioria dos americanos não sabia quem era J.D. Vance. Quando ele subiu ao palco republicano para fazer o discurso mais importante da carreira dele, sabia que precisava conquistar não apenas os presentes, mas também muitos outros americanos. Então, ele decidiu contar a história da vida dele. Em tom emocionado, Vance lembrou sua infância no interior do estado de Ohio:
“Nosso movimento é para mães solteiras como a minha, que lutou contra problemas financeiros e o vício, mas nunca desistiu”.
Ele contou que sua mãe vai completar dez anos sóbria em janeiro de 2025, bem no primeiro mês do próximo mandato presidencial: “Se Trump deixar, vamos comemorar na Casa Branca”. Sua mãe estava na arena e foi muito aplaudida.
A história da família virou livro e filme: “Era Uma Vez Um Sonho”, que fala da pobreza em regiões rurais do interior do país. Vance também homenageou a avó, que foi responsável por sua criação e que ele chamou de “anjo da guarda”. Um dos momentos mais aplaudidos foi quando Vance contou que, logo após a morte da avó, em 2005, a família encontrou na casa dela 19 armas carregadas.
“Esta idosa frágil quis ter certeza de que não importava onde estivesse, ela teria por perto tudo que precisava para proteger a família. Esse é o espírito americano”.
Vance comparou o que viveu com problemas econômicos de estados como Michigan e Pensilvânia, decisivos para a eleição de 2024. Fez um discurso contra a elite financeira e a favor do protecionismo, críticas que tradicionalmente eram feitas pela esquerda. Culpou Wall Street por acabar com a economia do país e encarecer o preço das moradias.
Atacou os acordos de livre comércio fechados pelos Estados Unidos com o México e as relações comerciais com a China. Disse que os democratas exportam empregos para esses países, e prometeu:
“Chega de sacrificar a produção para o comércio global ilimitado. Vamos carimbar cada vez mais produtos com aquele rótulo lindo: fabricado nos Estados Unidos”.
Vance também condenou o apoio do presidente Joe Biden à Guerra do Iraque, quando o democrata ainda era senador. Guerra que começou sob as ordens do então presidente George W. Bush, do Partido Republicano.
“Empregos estavam indo para outros países enquanto nossos filhos eram mandados para a guerra,” afirmou.
O discurso protecionista de Vance, suas críticas ao mercado financeiro e à intervenção em conflitos mundiais repercutiram no Partido Republicano, que antes de ser dominado por Trump defendia ideias contrárias: abertura comercial e política externa intervencionista.
Um deputado federal pelo Texas disse que é da escola de livre mercado da época de Ronald Reagan. Para ele, as ideias de J.D. Vance serão colocadas à prova a partir de agora.
“Acho que ele ainda não tem experiência suficiente para ver como o excepcionalismo americano é importante através do comércio,” disse.
Mas frisou que isso não chega a ser uma ruptura com as ideias que o Partido Republicano sempre defendeu.
“Tem mais a ver com o passado pobre de Vance, que aprenderá com o tempo sobre o que fez o país avançar. Não foi com brigas entre as pessoas, mas encontrando oportunidades honestas para todos triunfarem. O que importa é o que Donald Trump dirá hoje”, afirma o deputado.
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Publicada por: RBSYS