Com um curativo na orelha, o candidato oficial do Partido Republicano foi aplaudido de pé na convenção em Milwaukee. Donald Trump tem uma prioridade: mostrar a união do partido. Trump aparece na convenção republicana e partido chama ex-rivais para mostrar união
A eleição para presidente dos Estados Unidos mobilizou nesta terça-feira (16) democratas e republicanos. Os dois partidos negociam apoios, fazem eventos pelo país e reavaliam as estratégias de campanha. Donald Trump tem uma prioridade: mostrar a união do partido.
Essa é a imagem que o mundo esperou dois dias para ver: Donald Trump depois do atentado à vida dele. Com um curativo onde o tiro acertou a orelha, o candidato oficial do Partido Republicano foi aplaudido de pé pela arena lotada. Emocionado, andou entre os apoiadores gritando: "Lutem" - o mesmo que ele disse ainda no palco do comício, assim que sofreu o ataque. A multidão da convenção engrossou o coro.
A esposa de Trump, Melania, não estava presente. Mas três filhos e outros integrantes da família participaram. Trump cumprimentou o público e posou ao lado do candidato a vice-presidente recém-anunciado, o senador de Ohio, J.D. Vance.
Nesta terça-feira (16), J.D. Vance foi conhecer melhor o palco para o principal compromisso dele no evento: o discurso que vai fazer na noite de quarta-feira (17) na arena.
A convenção vai até quinta-feira (18), cada dia com um tema diferente. O desta terça é segurança e aborda bandeiras da campanha de Donald Trump, como o controle de fronteira e imigração.
Em comícios, Trump já disse, sem mostrar dados, que imigrantes que entram ilegalmente nos Estados Unidos são criminosos, responsáveis por uma carnificina. Disse também que planeja a maior deportação em massa da história e falou em 15 a 20 milhões de pessoas expulsas do país.
A roupa de Blake é uma referência ao muro na fronteira com o México, uma promessa de Trump da primeira vez que foi candidato. Ele é representante do Partido Republicano na Califórnia e apoia uma política de imigração mais dura.
Nos bastidores, Trump trabalha por novas alianças. Um vídeo vazado nesta terça-feira (16) mostra um telefonema entre ele e o candidato independente à Presidência, Robert F. Kennedy Jr. no domingo (15), dia seguinte à tentativa de assassinato. Em tom amistoso, Trump pede apoio:
"Adoraria que você fizesse algo. Será bom para você. E nós vamos vencer".
Ele também elogiou a ligação que o presidente Joe Biden fez para mostrar solidariedade depois do atentado:
"Foi bem legal, na verdade. Ele me ligou e disse: 'Como você decidiu se mexer para a direita?’”.
Trump descreveu o tiro que o atingiu de raspão na orelha:
"Era como se fosse o maior mosquito do mundo".
Uma pesquisa feita depois do ataque no sábado (13) mostrou que Trump tem 43% das intenções de voto, contra 41% de Joe Biden
Jornal Nacional/ Reprodução
A aproximação de Trump com Robert Kennedy Jr. é estratégica para conquistar eleitores indecisos em um momento em que lidera a corrida eleitoral, mas sem grande vantagem. Uma pesquisa feita depois do ataque no sábado (13) mostrou que Trump tem 43% das intenções de voto, contra 41% de Joe Biden. Pela margem de erro de três pontos percentuais, os dois estão em empate técnico.
Oitenta por cento dos americanos disseram acreditar que os Estados Unidos estão saindo do controle. Entre os eleitores republicanos, 65% acham que Trump sobreviveu à tentativa de assassinato por causa de intervenção divina.
É justamente para conquistar os indecisos e aumentar a vantagem que o Partido Republicano está buscando o apoio até de desafetos de Donald Trump. A palavra mais ouvida na convenção é "união". A coordenação da campanha chegou a mudar a programação para incluir a ex-governadora da Carolina do Sul Nikki Haley. Antes do atentado, ela nem tinha sido convidada.
Nikki Haley disputou com Trump a candidatura do Partido Republicano e, durante essa disputa, fez duras críticas ao ex-presidente. Disse:
“Aonde ele vai, o caos vai atrás. E não podemos ter um país em desordem e um mundo em chamas e passar por mais quatro anos de caos. Não vamos sobreviver”.
Atentado a Trump só falhou porque ex-presidente se moveu em palanque
O governador da Flórida, Ron DeSantis, que também tentou a candidatura à Presidência, discursa depois. É outro que criticou o ex-presidente. Em troca, foi chamado por Trump de "Desantimônio", um jogo de palavras para dizer que DeSantis era hipócrita.
Depois, tanto Nikki quanto DeSantis passaram a apoiar Trump, uma mudança de tom que será sacramentada com as aparições na convenção.
Um grupo da Califórnia está confiante. Julie comparou com uma equipe olímpica:
“Para chegar lá, todos os integrantes batalham entre si. Mas agora que o time republicano está decidido, é hora de se unir pelo país”, ela disse.
Convenção republicana
EUA: o que esperar do 2º dia da convenção republicana, do partido de Trump?
Na noite desta terça-feira (16), a arena onde é realizada a convenção republicana em Milwaukee, no estado de Wisconsin, estava lotada na expectativa de ver novamente Donald Trump. A campanha dele informou que o ex-presidente iria voltar ao local.
O governador da Flórida, Ron DeSantis, um dos maiores críticos da crise migratória na fronteira com o México, também fez um discurso. Assim como a ex-governadora da Carolina do Sul Nikki Haley. Os dois são ex-rivais de Donald Trump nas primárias da campanha de 2024.
Mais cedo nesta terça-feira (16), Donald Trump recebeu o ex-primeiro-ministro do Reino Unido Boris Johnson para uma reunião em Milwaukee. Johnson foi pedir a Trump para não abandonar a Ucrânia, depois que o ex-presidente escolheu um vice que se opõe fortemente ao apoio americano aos ucranianos.
Na noite desta terça, Matt Brooks, o líder da Coalizão Judaica Republicana, subiu ao palco e pediu um grande aplauso para Israel. A arena toda aplaudiu e gritou com muita animação. Ele disse que a cena nunca aconteceria em uma convenção democrata. Segundo ele, essa pessoa seria expulsa do palco com muitas vaias.
“Isso está acontecendo aqui porque Donald Trump foi o presidente americano mais pro-Israel da história”, afirmou Matt Brooks.
O ex-chefe de gabinete da Casa Branca, Reince Priebus, também discursou e levantou o ânimo da arena quando ele falou uma das frases que Donald Trump mais usa nos comícios atualmente: "Drill, baby, drill" - ou seja, “perfura, baby, perfura”. Um estímulo para a indústria petrolífera e, também, um sinal de que a plataforma de Donald Trump não coloca o meio ambiente entre suas prioridades.
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Publicada por: RBSYS