Enel afirma que falta de luz teria iniciado devido a obra da Sabesp. Estatal diz que análises preliminares não identificaram relação com o trabalho da companhia. Até as 19h desta terça, a Enel restabelecera o fornecimento de energia para 98% dos clientes dos bairros no Centro. Funcionários da Enel atuam no Centro de SP
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Apesar da promessa de Enel de restabelecimento total da energia na capital paulista até as 8h30 desta terça-feira (19), parte dos moradores do Centro de São Paulo seguem sem luz há mais de 30 horas. Até 19h, a concessionária informou que restabeleceu o fornecimento para 98% dos clientes de cinco bairros: Higienópolis, Bela Vista, Cerqueira César, Santa Cecília e Vila Buarque.
O apagão começou por volta de 10h30 de segunda (18). Segundo a Enel, o apagão teria iniciado a partir de uma obra da Sabesp, na Rua General Jardim, na Vila Buarque. Funcionários da companhia de abastecimento de água teriam puxado a fiação subterrânea durante uma escavação.
Apagão no Centro de SP: diretor da Enel promete restabelecimento de energia na manhã desta terça
"O que a gente identificou, até o momento, foi essa obra que danificou essa rede. Não houve a falha nesse ponto, e sim na caixa adjacente, onde foi tracionada as nossas emendas que são plugáveis. Então, quando houve o tracionamento acabou desplugando, óbvio que ela tem presilhas, não é uma coisa tão simples assim para ser desconectado, mas de fato foi o que ocorreu", afirmou Darcio Dias, diretor da área de manutenção da Enel.
Mas a Sabesp nega a acusação.
“A Sabesp de fato fez a escavação no local, existia sim, uma rede de energia elétrica, mas a princípio, por avaliações que nós fizemos, não houve um dano naquele local, na rede de energia elétrica. Contudo, nós estamos atuando em parceria, com as equipes a disposição para resolver o problema”, ressaltou Maycon Abreu, superintendente da Sabesp.
Equipes da concessionária e da Sabesp trabalham em parceria para analisar as causas da interrupção. Mas não deram previsão de quando vão religar a luz para todos os clientes afetados.
Cerca de 1% dos cabos de energia elétrica na capital é subterrânea e essa parcela está justamente na região do Centro. Na Rua General Jardim, onde fica a obra da Sabesp, moradores estão sem luz e sem água, já que a área está sem energia para bombear a água para os prédios.
Enquanto ninguém assume a responsabilidade, moradores e comerciantes continuam contabilizando os prejuízos.
“Perdi quase R$ 3 mil pela falta de energia. Perda total, e eu que vou ter que arcar com o prejuízo”, afirma o comerciante Eupídio Gomes Parente.
A região de Pinheiros, na Zona Oeste, também ficou sem luz nesta terça. A unidade do Sesc suspendeu as atividades. Em nota, a Enel informou que a "energia foi restabelecida no local às 20h20".
A obrigação de fiscalizar a Enel e a qualidade do serviço que ela presta é da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), já que é o governo federal o responsável pela concessão. Mas existe um convênio assinado entre a Aneel e a Agência Reguladora de Serviços Públicos do Estado de São Paulo (Arsesp), que fiscaliza serviços públicos do estado. Com esse convênio, as duas agências fazem a fiscalização da concessionária.
O que dizem as duas agências?
A Arsesp informou que tem 23 fiscais que acompanham o trabalho das distribuidoras que atendem o estado. Em agosto, durante a CPI da Enel na Alesp, os diretores da agência afirmaram aos deputados que “a concessionária paulista cumpre, na média, os indicadores de qualidade no fornecimento de energia elétrica”.
Já a Aneel informou que aplicou mais de R$ 320 milhões em multas à empresa, desde 2018. A maior delas foi neste ano: R$ 165 milhões, pela demora para restabelecer a energia, depois do temporal que atingiu a grande São Paulo, em novembro do ano passado. No entanto, a Enel entrou com um recurso administrativo e ainda não pagou o valor.
Na ocasião, cerca de 2,1 milhões de imóveis ficaram sem energia após tempestades no estado.
Publicada por: RBSYS