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Vereadores ignoram decisão do TJ e homenageiam Michelle Bolsonaro no Municipal; Rinaldi Digilio diz que pagará do bolso aluguel de R$ 100 mil

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Vereadores ignoram decisão do TJ e homenageiam Michelle Bolsonaro no Municipal; Rinaldi Digilio diz que pagará do bolso aluguel de R$ 100 mil

Vereador manteve organização do evento mesmo após decisão judicial de sexta. Segundo o desembargador Martin Vargas, o uso do teatro para esse tipo de honraria política fere 'princípios da Administração Pública, da impessoalidade e da moralidade'. Fernando Holiday, Rinaldi Digilio, Michelle Bolsonaro, Jair Bolsonaro, Rubinho Nunes e Ricardo Nunes no Theatro Municipal Gustavo Honório/g1 Apesar da decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo que vetou o uso do Theatro Municipal para a cerimônia que concede o título de cidadã paulistana à ex-primeira dama Michelle Bolsonaro (PL), os vereadores realizaram o evento na noite desta segunda-feira. Na abertura do evento, o mestre-de-cerimônias afirmou que "esta sessão está ocorrendo sem desrespeito à ordem judicial". A ex-primeira-dama foi ovacionada ao entrar. O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o prefeito Ricardo Nunes (MDB) também participaram do evento. Ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, ex-presidente Jair Bolsonaro, prefeito Ricardo Nunes, e vereador Rubinho Nunes Gustavo Honório/g1 A proibição foi acolhida pelo desembargador Martin Vargas, da 10ª Câmara de Direito Público do TJ-SP, acatando um recurso com tutela antecipada solicitado pela deputada federal Érika Hilton (PSOL-SP) e pela ativista Amanda Paschoal, que contestaram o uso do espaço público para evento de ordem política. Público chega para homenagem à ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro no Theatro Municipal de SP Gustavo Honório/g1 Na primeira instância, o pedido havia sido negado. Mas no recurso liminar, o desembargador entendeu que a realização do evento, marcado para esta segunda-feira (25) no teatro, tem "indícios contundentes de violação ao interesse público", uma vez que esse tipo de honraria política geraria custos de mais de R$ 100 mil para a administração do espaço e sempre acontecem na Câmara Municipal. Em caso de descumprimento, a pena é de R$ 50 mil. Clique aqui para se inscrever no canal do g1 SP no WhatsApp O vereador Rinaldi Digilio (União Brasil), autor da proposta de conceder o título, decidiu pagar do próprio bolso o aluguel do espaço "a fim de evitar qualquer questionamento sobre eventual dano ao erário público", informou nota da Câmara Municipal. Público chega para homenagem à ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro no Theatro Municipal de SP Gustavo Honório/g1 Segundo o comunicado, a Casa recorreu da decisão do TJ e "seguirá discutindo judicialmente sobre a liminar. Entre os argumentos alegados pela Procuradoria da Casa está o fato de que é comum a realização de sessões solenes fora do Palácio Anchieta. Só nesta legislatura já foram realizados 40 eventos do tipo em endereços externos. Portanto, não há nenhuma infração à impessoalidade". No evento, Nunes, que é pré-candidato à reeleição e tem apoio de Bolsonaro, afirmou a Michelle que a homenagem "ficará nos anais da Câmara Municipal de SP, da Casa do Povo, para o resto da vida o registro de que a cidade de SP te reconheceu como cidadã paulistana". Digilio afirmou que "se o [ex-]presidente Bolsonaro é o que ele é, deve muito à [ex-]primeira-dama". O vereador contou que fez um financiamento para alugar o Theatro. "Eu loquei esse lugar, então eu posso falar o que eu quiser. Mesmo com a decisão na Justiça proibindo a cerimônia, impondo multas que podem chegar a R$ 200 mil, eu fiz esse empréstimo, dei meus bens como garantia". Ao receber o título, a brasiliense Michelle agradeceu e contou que, mais cedo, ao se encontrar com Tarcísio de Freitas (Republicanos) em um evento do PL, fez uma brincadeira: "Falei, Tarcísio, vem você para o PL também". Em seu discurso, a ex-primeira-dama cometeu uma gafe, ao dizer que Bolsonaro é, também, paulistano: "Tenho a honra de me juntar aos mais de 11 milhões de cidadãos paulistanos, inclusive o meu marido". O ex-presidente, no entanto, é paulista, mas não paulistano, já que não nasceu na capital, mas no município de Glicério. Decisão do TJ O magistrado afirmou que "se observa é que as tratativas para a escolha do local no qual o evento será realizado ocorreram no âmbito interno da Administração, mediante envio de ofícios (fls. 246/247), cuja motivação expressa, qual seja, a 'agenda lotada' da Câmara para o dia, vai de encontro aos documentos amealhados aos autos (fls. 258/259), dos quais se infere que o Plenário da Câmara de Vereadores, onde normalmente ocorrem as solenidades do Poder Legislativo Municipal, como a do caso ora analisado, não possui qualquer evento agendado [na mesma data]". "As demais motivações não oficiais para o ato, cuja autoria é atribuída na exordial aos agravados, também não encontram, desde já, verossimilhança nos autos. Nesse sentido, destaca-se a possível justificativa pertinente a suposta ausência de espaço físico no Palácio Anchieta para comportar o público presente na solenidade, a qual não se coaduna com a informação extraída do próprio sítio eletrônico da Câmara", completou. O Theatro Municipal de São Paulo localizado no Centro da cidade de São Paulo Celso Tavares/G1 Multa de R$ 50 mil O desembargador impôs uma multa de R$ 50 mil caso a liminar seja descumprida e disse que entrega do título à Michelle Bolsonaro deve acontecer na Câmara Municipal, como sempre acorre com todas as honrarias do tipo dadas na cidade pelo Poder Legislativo. "Diversas cerimônias similares de entrega do Título de Cidadão Paulistano já foram realizadas em homenagem a diferentes personalidades públicas, em reconhecimento às suas atuações em âmbito artístico, político, esportivo, cultural, religioso, todas elas na sede do Poder Legislativo Municipal, como se depreende do registro existente no sítio eletrônico do Portal da Câmara". "Assim, da análise perfunctória das informações trazidas, conclui-se de rigor a suspensão do evento no Theatro Municipal, em atenção à prevalência dos princípios que regem a Administração Pública, em especial ao da publicidade, impessoalidade, motivação e moralidade, diante da existência de indícios contundentes de violação ao interesse público", declarou Martin Vargas. Histórico do caso O uso do Theatro Municipal tinha sido autorizado pela gestão Ricardo Nunes (MDB), a pedido da Câmara Municipal de São Paulo e dos vereadores vereador Rinaldi Digilio (União Brasil) e Fernando Holiday, autores da solicitação e também um dos responsáveis pelo projeto, aprovado em novembro de 2023, que prevê conceder o título de cidadã paulistana à Michelle. O evento está previsto para ocorrer no dia 25 de março, às 20h. Tais horarias, entretanto, costumam ser entregues em cerimônias feitas na própria Câmara Municipal. Questionado, o presidente da Câmara, o vereador Milton Leite (União Brasil), alegou que a Casa não comportaria o número de convidados. Fachada da Câmara Municipal de SP Celso Tavares/g1 Já Rinaldi Digilio, vereador responsável pela solicitação, apresentou argumento diferente: "É difícil fazer honrarias para fazer na Câmara em ano eleitoral. A gente buscou uma alternativa." O g1 entrou em contato com a assessoria de imprensa da Casa para saber se de fato há algum impedimento em anos eleitorais. Segundo o órgão legislativo, a lei não impede a entrega da honraria em ano eleitoral. "As homenagens propostas pelos vereadores precisam de aprovação do Plenário. As sessões solenes para entrega dessas honrarias são um ato oficial da Câmara e, assim como as sessões ordinárias e extraordinárias, continuam independentemente das eleições", disse a Câmara Municipal. O prefeito Ricardo Nunes (MDB) minimizou a questão e disse que a Câmara e outras entidades "sempre solicitam o Theatro e concedem se não tiver espetáculo." E confirmou que estará presente se convidado for. Procurado pela reportagem, o Theatro Municipal se recuou a responder sobre a reserva do espaço. LEIA MAIS: Datafolha: 63% dos eleitores da cidade de SP dizem não votar em candidato indicado por Bolsonaro, contra 42% do recomendado por Lula Boulos e Nunes estão empatados tecnicamente na disputa pela Prefeitura de SP Título de cidadã paulistana Nascida na Ceilândia, região do Distrito Federal, a ex-primeira dama passou se relacionar com a cidade de São Paulo quando acompanhava as agendas do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na capital. Rinaldi Digiglio, entretanto, alega que "ela tem um poder relevante, cristã, evangélica, atende o público que me elegeu para estar aqui nesta Casa." "É pelos trabalhos relevantes que ela tem feito, e realizou, para mudos, surdos, autistas, e impactou até mesmo a criação do trabalho de interpretação de libras nas igrejas da cidade de SP." O projeto de lei que concede o título à ex-primeira dama foi aprovado pela Câmara em novembro de 2023 com 37 votos favoráveis e 15 contrários.

Publicada por: RBSYS

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